sexta-feira, 25 de julho de 2008

Engenhos e escravos no período colonial foram assuntos do último Improviso, Oxente!

Fotos: Felipe de Paula


A nova edição do projeto Improviso, Oxente!, da Casa dos Artistas de Ilhéus, vem abordando o levante dos escravos do Engenho de Santana, que aconteceu em 1789. Conduzido pela historiadora Kátia Vinhático Pontes, o centro das discussões da última quarta-feira (23) foi: “Engenhos e Escravos no Período Colonial”. E, intercalando as exposições, houve a participação do músico Cabeça, do grupo Improviso Nordestino, que cantou e tocou violão.

A historiadora e professora da Universidade Estadual de Santa Cruz começou sua exposição perguntando aos presentes qual idéia tinham do período colonial. “Muitos pensam que a época era de grande isolamento. Na verdade, havia sempre muito movimento devido ao comércio”, explicou. Ela também disse que a maioria das pessoas acha que os escravos eram totalmente submissos aos seus senhores. “Pelo contrário, os negros se rebelavam com freqüência e formaram vários quilombos”, complementou Kátia.

Sobre os engenhos, a historiadora disse que os afazeres eram muito duros e a jornada de trabalho chegava até a 20 horas diárias. Os escravos eram responsáveis desde o plantio da cana até a fabricação do açúcar. Segundo Kátia, na Bahia, a média de idade dos negros era de apenas 23 anos, devido às péssimas condições dadas pelos senhores.

A cerca do levante dos escravos do Engenho de Santana, tema geral do Improviso, Oxente! deste bimestre, Kátia explicou que o ocorrido no século XVIII foi apenas uma das várias rebeliões do local. “A revolta de 1789 é mais significativa porque deu origem ao primeiro documento escrito pelos escravos, trazendo reivindicações para voltarem aos trabalhos, inclusive, com especificações para as mulheres”, declarou.

Segundo o diretor da Casa dos Artistas, Romualdo Lisboa, a atual edição do Improviso, Oxente! servirá de base para a nova montagem do grupo Teatro Popular de Ilhéus. “Não queremos fazer um documentário sobre o levante dos escravos, mas entender como nasce uma revolução”, afirmou. E, como o nome do projeto diz, a noite de debates foi palco de alguns improvisos. O ator Amauri Oliveira fez uma performance baseada na indignação dos negros ao serem presos, escravizados e discriminados.

O projeto Improviso, Oxente! sobre o levante dos escravos do Engenho de Santana irá até agosto. Com entrada franca, sempre a partir das 19 horas haverá um pesquisador discorrendo sobre um aspecto do tema central. O próximo convidado será o historiador Arléo Barbosa, falando sobre: “Aspectos étnicos e culturais da mão-de-obra escrava da Capitania de Ilhéus”.

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