quinta-feira, 29 de maio de 2008

Conseqüências do Porto do Malhado foram tema do Improviso, Oxente!

Fotos: Felipe de Paula

Anunciado como uma obra inovadora na época de sua construção na década de 1970, o Porto do Malhado trouxe inúmeros problemas para Ilhéus. O assunto foi tema da última quarta-feira (28) do projeto Improviso, Oxente! da Casa dos Artistas, que teve como convidado o presidente da Associação dos Moradores do São Miguel, Cid Póvoas e, animando as discussões, parte da Orquestra Afro Gongombira.


O tema foi escolhido por se relacionar com o projeto da construção do Porto Sul, anunciado pelo Governo Estadual como uma obra que utilizará as tecnologias mais modernas e poderá ser erguido na Ponta da Tulha. “Por se tratar de um mega-empreendimento para a nossa região, procuramos abordar o tema, fazendo um comparativo com o Porto do Malhado”, disse o diretor da Casa dos Artistas, Romualdo Lisboa.


Cid Póvoas, que também é membro do Conselho Municipal do Meio Ambiente (Condema) e integra o conselho gestor da Área de Proteção Ambiental (APA) da Lagoa Encantada, explicou que o projeto do Porto do Malhado foi decidido politicamente e que, desde a década de 1960, já conheciam as suas conseqüências negativas. “Havia a certeza de que o mar recuaria na Avenida Soares Lopes e avançaria ao norte por causa do impedimento das correntes marítimas”, explicou.

O primeiro porto em mar aberto da América Latina não só fez com que mais de 40 metros da área do São Miguel fosse coberta pelo mar, mas também avançou no São Domingos, provocou o assoreamento do Rio Almada e o desaparecimento da famosa praia do Pontal. Com as correntes marítimas barradas pela construção, as areias foram impedidas de circular no sentido sul-norte. “O bairro São Miguel já foi um dos mais nobres da cidade, mas com o avanço do mar e a destruição das casas, o local foi desvalorizado”, disse o presidente da Associação dos Moradores.


Segundo Cid Póvoas, o projeto de contenção das marés altas provocadas pelo Porto do Malhado, feito pelos engenheiros Aleixo Belov e Daniela Apoluceno, deu bons resultados, mas não foi concluído. Em 2000, era prevista a construção de seis espigões com 200 metros de comprimento. “Foram construídos apenas quatro espigões, sendo que o maior não passa de 120 metros e o menor não chega a 30 metros de comprimento”, informou.

O projeto Improviso, Oxente acontece todas as quartas-feiras, a partir das 19 horas, na Casa dos Artistas de Ilhéus. Com coordenação pedagógica do Instituto Brasileiro de Cultura e Turismo (IBEC), há sempre debates alternados por apresentações artísticas. A entrada é franca.

Improviso Itinerante Oxente! - Devido ao sucesso da versão fixa, o projeto Improviso, Oxente! vai estrear sua versão itinerante em Serra Grande. A iniciativa da Casa dos Artistas em parceria com a Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) acontecerá a partir das 14 horas deste sábado (31). Além dos debates, haverá shows com bandas locais e apresentação de espetáculos.

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