Em setembro de 1995 o Teatro Popular de Ilhéus entrou em cena com o seu primeiro espetáculo: A história engraçada e singela de Fuscão – o quase capão – e o Cabo Eleitoral, peça escrita e dirigida por Équio Reis, primeiro diretor do grupo. Ao lado de Romualdo Lisboa, Tânia Barbosa, Tereza Damásio, Adelson Costa, Val Kakau e Franklin Costa, Équio fundou um movimento a partir de uma idéia corajosa: fazer teatro independente no Sul da Bahia. De lá pra cá, 15 anos se passaram.
Em 2010, já adolescente, o TPI debuta no auge de sua criatividade, pleno de fruição artística, totalmente contextualizado com o Sul da Bahia.
O atual diretor e um dos fundadores do grupo, Romualdo Lisboa, não nega sua atenção redobrada com as causas populares, complexidades que lhe servem como fonte de inspiração.
Essa característica forte e fundamental, embevecida com a “grapiunidade”, torna-se ainda mais rica quando estabelece diálogos com os clássicos do teatro.
Assim é o Teatro Popular de Ilhéus e sua ênfase: reflexões a partir dos problemas cotidianos, comunitários, pessoais, políticos e sociais, “linkados” às releituras de textos universais.
A companhia conta também com um núcleo de teatro para infância e juventude, a CIA Boi da Cara Preta, dirigida por Tânia Barbosa, que desenvolve pesquisas sobre manifestações da cultura popular, responsáveis pela fundamentação dos espetáculos: Ita – Um tupinambá em busca do manto sagrado, Lampiaço – O rei do cangão, A Gema do Ovo da Ema, Auto do Boi da Cara Preta e As Lendas da Lagoa Encantada (em fase de produção).
O grupo, atualmente, comemora uma temporada bem sucedida no Rio de Janeiro, onde apresentou o celebrado Teodorico Majestade – As últimas horas de um prefeito. O cordel que nos remete ao drama da corrupção, na esfera das administrações públicas, ficou em cartaz por 12 dias na “Cidade Maravilhosa”, onde recebeu críticas elogiosas da imprensa especializada.
Atuante, o TPI acumula prêmios e classificações em editais. Em 2010, quatro editais da Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB) reconheceram suas propostas. Os espetáculos Nazareno Contra o Dragão da Maldade, e, As Lendas da Lagoa Encantada conquistaram incentivos de montagem, “Teodorico Majestade – As últimas horas de um prefeito foi classificado em um edital de circulação, e o diretor do grupo, Romualdo Lisboa, venceu um edital de dramaturgia, com o projeto da peça: 1789 – Uma revolução histórica sobre a revolta no Engenho de Santana. A proposta estabelece pontos em comum entre a revolta dos negros do Engenho de Santana (acontecimento que marcou a história de Ilhéus no século XVIII), com a falência da fábrica Itaísa (em 1995), empreendimento que deixou diversos trabalhadores desempregados e privados dos direitos trabalhistas.
No dia 20 de outubro (quarta-feira), o Teatro Popular de Ilhéus fará a estréia de Nazareno Contra o Dragão da Maldade. O enredo gira em torno da luta cotidiana de “Seo Barreto”, atual presidente da associação de moradores de Vila Nazaré, bairro de Ilhéus. O local, habitado por pessoas de baixa renda, é extremamente carente, sem infraestrutura, quase que esquecido pelos órgãos públicos. Vestido com as roupas e usando as armas do “Santo Guerreiro”, o líder comunitário lutará contra o “Dragão da Maldade”, que a cada quatro anos aparece para atormentar os moradores, enganando a comunidade, que sofre pela falta de condições dignas de vida.
Em novembro, Vida de Galileu, adaptação de Romualdo Lisboa para o texto de Bertolt Brecht, fará temporada em Salvador, entre os dias 16 a 27 (das terças-feiras aos sábados). O espetáculo oferece uma experiência estética diferente, mesclando elementos de época com tecnologias contemporâneas, possibilitando ao público ampliar a visão sobre o ambiente que vive, interagindo com a interpretação sobre a vida de Galileu (físico, matemático, astrônomo e filósofo italiano), um observador nato, que se notabilizou nos séculos XVI e XVII, através de seus estudos inovadores, que tiveram um papel preponderante na revolução científica.
O Teatro Popular de Ilhéus é formado por: Romualdo Lisboa (direção), Tânia Barbosa (atriz e direção), Bruno Susmaga (ator e diretor), Hermilo Menezes (ator e diretor), Antônio Melo (maestro e compositor), Amauri Oliveira (ator), Elielton Cabeça (músico, compositor e ator), Carlos Makalé (cenógrafo), Gilton Tomaz (cordelista), Azulão Baiano (repentista e ator), Davi Melo (músico e ator), Ely Izidro (ator), Germano Lopes (ator), Guilherme Bruno (ator), Larissa Paixão (atriz), Luciene Nunes (atriz), Pablo Lisboa (ator e músico), Potira Castro (musicista e atriz), Ricardo Barreto (músico e ator), Ruan Lisboa (ator), Aldenor Garcia (ator), Takaro Vítor (ator), Rogério Matos (ator e produtor), Elson Rosário (produtor audiovisual), Beto Santana (ator) e Geysa Pena (atriz).
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