sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

VIDA DE GALILEU DO TEATRO POPULAR DE ILHÉUS “10 de janeiro de 1610 – aboliu-se o céu”

A mais nova montagem do Teatro Popular de Ilhéus, grupo que completa 15 anos neste 2010, traz à cena a vida de um dos mais importantes cientistas e talvez o primeiro físico da história da ciência: Galileu Galilei. 

Para contar a história do matemático e filósofo que foi condenado como herege, e teve seus livros adicionados ao índex da Santa Inquisição, o Teatro Popular de Ilhéus lança mão da sua própria história, seus espetáculos e estéticas criadas a partir do trabalho de pesquisa iniciado por Équio Reis, em 1995.
A peça, do alemão Bertolt Brecht adquiriu as cores da Bahia com a inserção de elementos da cultura popular. “O que acontece é uma celebração, um encontro entre pessoas para investigar sobre a função da ciência moderna, a relação com o capitalismo e o poder”, informa Romualdo Lisboa, diretor do espetáculo. Neste encontro, que tem 4 horas de duração, o público percorre algumas salas do andar térreo de um dos mais suntuosos prédios de Ilhéus, o Palácio Episcopal, construído em 1928 e que agora tem acrescidos cenários, adereços, móveis, iluminação cênica e um grupo de 20 artistas e técnicos se desdobrando em dezenas de personagens, dezenas de músicas e uma forma muito peculiar de contar histórias do Teatro Popular de Ilhéus. Para completar a celebração, o público participa de um jantar com o elenco da peça.
O Teatro Popular de Ilhéus trabalha nesta montagem desde o dia 5 de janeiro de 2009, num processo de preparação de atores e pesquisa de conteúdo que contou ainda com a consultoria do LATO - Laboratório de Astrofísica Teórica e Observacional da UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz. É de responsabilidade do LATO mais uma atividade do espetáculo: a observação do céu. O grupo vai distribuir lunetas para a platéia, que com a ajuda de astrofísicos, poderá fazer observações com um instrumento que tem o mesmo grau de aproximação daquele utilizado por Galileu em 1610, na Itália.
As músicas da peça foram compostas especialmente para o espetáculo. A direção musical e composições são de Cabeça, que também é ator. “Minha música tem se aproximado cada vez mais do teatro. A partir da parceria com o Teatro Popular de Ilhéus e Cia Boi da Cara Preta, tenho contato com um mundo rico e extremamente inspirador”, revela.
O processo de montagem é chamado pelo grupo de “Outros Olhares”, que gerou intervenções artísticas no centro da cidade e alguns debates na Casa dos Artistas. De acordo com Romualdo, “a idéia é discutir a necessidade de ampliar nossos olhares sobre os problemas do cotidiano. O Galileu de Brecht nos diz que a luta pela mensuração do céu foi ganha, mas a luta pelo leite ainda não”.

Ficha técnica:
Texto de Bertolt Brecht. Adaptação e direção de Romualdo Lisboa. Direção Musical e composições de Cabeça. Elenco: Amauri Oliveira, Cabeça, Davi Melo, Ely Izidro, Germano Lopes, Guilherme Bruno, Larissa Paixão, Luciene Nunes, Pablo Lisboa, Potira Castro, Ricardo Barreto, Ruan Lisboa, Ruy Penalva e Tânia Barbosa. Banda: Cabeça – violão e guitarra, Davi – contra-baixo, Pablo Lisboa – bateria e percussão, Potira Castro – flauta doce, Ricardo Barreto – bateria, contra-baixo e percussão e elenco – coro.

O espetáculo fica em cartaz aos sábados, sempre às 19 horas, no Palácio Episcopal (Instituto Nossa Senhora da Piedade).

Reservas de ingressos na Casa dos Artistas, ou através dos tel: (73) 3231-0785 e 9133-3596 ou 8809-3868.

Faixa etária sugerida: 16 anos.

Um comentário:

Ivan Souto disse...

Transposta uma semana, desde que assisti ao ESPETÁCULO, continuo emocionado. A Vida de Galileu, o orgasmo evidenciado pelos atores durante a representação, a benção lunar e o trabalho dos astrofísicos presentes no trabalho encheram-me do orgulho em ser brasileiro. Parabéns a todos os colaboradores e participantes desse emocionante circo de alegria e cultura.