quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Religiosidade africana na resistência escrava foi centro de discussões do Improviso, Oxente!

Fotos: Felipe de Paula

“O papel da religiosidade africana na resistência escrava” foi o tema do Improviso, Oxente! da última quarta-feira (13). Para discorrer sobre o assunto, que complementa as discussões sobre o levante dos escravos do Engenho de Santana, o projeto da Casa dos Artistas convidou o babalorixá e professor da Uesc, Ruy Póvoas.

O mestre em Letras Vernáculas iniciou as discussões do Improviso, Oxente! falando sobre o significado das palavras-chaves do assunto. “Por religiosidade entendemos que é a prática dos costumes de uma religião. Já resistência pode significar força ou o ato de lutar em defesa de algo”, explicou.

A cerca da religião africana praticada pelos escravos, Ruy Póvoas disse que ela sobreviveu devido à estratégia dos negros em manter viva sua memória por conseguir guardar segredos. “No período colonial, além de não verem os africanos como seres humanos, houve muita repressão proibindo-os de realizar seus cultos”, disse o babalorixá.

Ainda segundo o professor, os negros trazidos para o Brasil realizavam seus rituais religiosos escondidos, nas matas. Isso porque as divindades africanas eram ligadas aos elementos da natureza. Os ensinamentos eram transmitidos oralmente, de geração em geração. Segundo Ruy Póvoas, a metodologia de ensino se dava através de histórias.

O último Improviso, Oxente! deu continuidade aos debates sobre a revolta dos escravos do Engenho de Santana, ocorrida entre 1789 e 1791, que originou um documento com reivindicações escritas pelos negros. Por isso os historiadores consideram o levante como a primeira greve do Brasil. “Montaremos uma peça sobre este fato e as discussões realizadas pelo projeto servem como fonte de pesquisa para entendermos o que aconteceu”, disse o diretor da Casa dos Artistas, Romualdo Lisboa.

Além dos debates, o projeto Improviso, Oxente! também é feito de performances artísticas. Os integrantes da banda de hip hop O Quadro se uniram ao berimbau de Mestre Virgílio e à percussão do ator Marcelo Novaes, mostrando que a mistura improvisada pode dar muito certo. O ator Guilherme Bruno também marcou presença, interpretando um negro sentindo remorsos por ter que maltratar os escravos.

O próximo tema do Improviso, Oxente! será: “Levante dos escravos do Engenho de Santana 1789 – 1791”. O especialista convidado para falar sobre o assunto será o professor João César Andrade. Os encontros acontecem sempre às quartas-feiras, às 19 horas, com entrada franca.

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