quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Improviso, Oxente! encerra discussões sobre levante dos escravos do Engenho de Santana

Fotos: Felipe de Paula

O projeto Improviso, Oxente! da Casa dos Artistas de Ilhéus encerrou, na noite da última quarta-feira (20), as discussões sobre o levante dos escravos do Engenho de Santana, durante o século XVIII. Falando sobre linhas gerais do tema principal, o palestrante foi o historiador João Cézar de Andrade.

Durante o último Improviso, Oxente!, o pesquisador convidado explicou que o levante no Engenho de Santana, iniciado em 1789, foi um entre vários episódios de rebelião dos escravos. “A última revolta registrada ocorreu em 1824, mas o episódio em debate foi particular pelo fato dos negros terem escrito um documento com solicitando melhores condições de trabalho”, explicou João Cézar.

Segundo o historiador, muitas pessoas creditam o levante dos escravos do Engenho de Santana como a primeira greve do Brasil. “Realmente o fato pode ser considerado como o nascimento do movimento operário, mas não como uma greve, uma vez que os negros não eram vistos como seres humanos”, complementou o palestrante.

Apesar de ter grande peso histórico, a rebelião dos escravos do Engenho de Santana não é muito conhecida pelos brasileiros ou mesmo pelos ilheenses. De acordo com João Cézar, isto acontece porque a sociedade preconceituosa se encarregou de não divulgar atos em que os negros tiveram destaque, passando a imagem de que os africanos eram primitivos. “Os negros trazidos para o Brasil eram membros de famílias reais, capturados por tribos inimigas”, complementou o convidado.

Uma das marcas do projeto Improviso, Oxente! são as performances artísticas. As discussões da última noite foram intercaladas pelo berimbau de Mestre Virgílio, a percussão do ator Marcelo Novaes e a voz de Marinho Rodrigues, do grupo Dilazenze. Os atores Germano Lopes, Guilherme Bruno e Ednilton Paixão também improvisaram bastante, um senhor tratando seus escravos com injustiça.

O diretor da Casa dos Artistas, Romualdo Lisboa, avaliou a última edição do projeto como um sucesso, uma vez que foram discutidos vários aspectos da revolta dos escravos. “As discussões promovidas servirão de base para a montagem do novo espetáculo do grupo Teatro Popular de Ilhéus”, informou.

A partir do dia 03 de setembro, às 19 horas, o Improviso, Oxente! terá como tema central “Políticas Públicas voltadas para a Cultura”. Cada noite o projeto receberá um candidato a prefeito de Ilhéus que falará sobre seus projetos voltados para o setor cultural, além de ouvir as sugestões dos presentes. Todos se comprometeram que, sendo eleitos, voltarão outras três vezes para construir, junto com os participantes, um plano de políticas públicas.

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