quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Aspectos psicológicos de uma revolução foram tema do último Improviso, Oxente!

Foto: Felipe de Paula
Complementando as discussões sobre o levante dos escravos do Engenho de Santana, ocorrido no século XVIII, o tema do último Improviso, Oxente! foi “As bases psicológicas de uma revolução interior, de mentalidades e das instituições”. Para conduzir o assunto, o projeto da Casa dos Artistas de Ilhéus convidou o psicólogo André Luis Fonseca, que esteve no espaço cultural na noite da última quarta-feira (6).

Mediado pelo professor Ramayana Vargens, o debate do tema iniciou com a exposição do psicólogo sobre a relação entre o inconsciente e a revolução. “A partir da combinação de fatores emocionais, culturais e sociais, a o ser humano vem buscando atender os desejos de melhorar suas condições. A partir daí acontecem as revoluções”, explicou André Luis.

A abordagem do assunto serviu para dar continuidade à análise da revolta dos escravos do Engenho de Santana. Em 1789, eles tomaram a fazenda, mataram o feitor e passaram dois anos no comando do local. Como tentativa de negociação para voltarem ao trabalho sob as ordens colonos, redigiram um documento com diversas reivindicações, inclusive para as mulheres. Por isso este fato é considerado como a primeira greve do Brasil.

Como as discussões do Improviso, Oxente! servirão de fonte de pesquisa para a próxima montagem do Teatro Popular de Ilhéus, grupo residente da Casa dos Artistas, busca-se compreender como a idéia de revolução surgiu entre os negros até se organizarem e tomarem o Engenho de Santana. Segundo o diretor, Romualdo Lisboa, a intenção não é realizar um documentário, mas entender como nasce o desejo de mudança.

O projeto Improviso, Oxente!, não é feito apenas de debates. Na última quarta-feira, o músico Cabeça, no vocal e violão, junto com Mestre Virgílio, tocando berimbau, foram responsáveis pelo som que embalou as discussões. Já os atores Guilherme Bruno e Ednilton Paixão fizeram uma performance inspirada no tema da noite. Na base de muito improviso, eles interpretaram coronéis abolicionistas, que estimulavam a revolução dos escravos.

Até o final deste mês, durante todas as quartas-feiras, o projeto Improviso, Oxente! versará sobre o levante dos escravos do Engenho de Santana. Com entrada franca, a partir das 19 horas haverá um pesquisador convidado falando a respeito de um aspecto do tema central. O próximo será o professor da Uesc e babalorixá, Ruy Póvoas. Ele abordará “O papel da religiosidade africana na resistência escrava”.

Nenhum comentário: