quinta-feira, 17 de julho de 2008

Último Improviso, Oxente! abordou características da Ilhéus colonial

Dando seqüência às discussões sobre o levante dos escravos do Engenho de Santana, ocorrido em 1789, o projeto Improviso, Oxente!, da Casa dos Artistas, abordou as características econômicas da Ilhéus colonial. O assunto, discutido na noite da última quarta-feira (16), foi conduzido pelo historiador Marcelo Henrique Dias, da Universidade Estadual de Santa Cruz.

De acordo com o pesquisador, faltam estudos sobre a Ilhéus colonial. Um dos motivos foi o desenvolvimento do cacau, que colocou a pesquisa sobre a época em segundo plano. “O que se sabe é que a colônia era a responsável pelo abastecimento de alimentos para Salvador e região do recôncavo, onde havia grandes engenhos de cana-de-açúcar”, explicou Marcelo.

A capitania de Ilhéus não teve grande desenvolvimento econômico e foi vítima de vários ataques indígenas. Como não eram muito ricos, os proprietários de terras tinham poucos escravos, fazendo com que a relação entre eles fosse mais próxima. Segundo Marcelo, “o fato de não haver senzalas, indica que os negros ficavam em unidades familiares”.

Quanto ao levante dos escravos levante do Engenho de Santana, que durou dois anos e resultou em um documento escrito pelos negros com as condições que voltariam a trabalhar, o historiador comentou um dos motivos que pode ter contribuído para gerar o acontecimento. “Com o renascimento agrícola no final do século XVIII e a ascensão do açúcar, talvez tenha havido uma maior pressão pelo aumento da produção, causando a revolta”, disse.

Como faz parte da estrutura do Improviso, Oxente!, intercalando as exposições do pesquisador, houve a participação dos músicos Cabeça, do Improviso Nordestino, no vocal e violão; mestre Virgílio, da Associação de Capoeira Angola Mucumbo, tocando berimbau e Marcelo Novaes, ator do Teatro Popular de Ilhéus, na percussão. Os três aproveitam para experimentar sons que poderão ser usados no espetáculo sobre a revolta dos escravos, que está sendo escrito por Romualdo Lisboa, diretor da Casa dos Artistas.

O último Improviso, Oxente! ainda contou com a performance dos atores Guilherme Bruno, Júlio César e Marcelo Novaes. Eles encenaram o sofrimento dos escravos recém-chegados da África, maltratados pelos feitores. “Os debates servem de inspiração para a montagem que estamos preparando”, disse Romualdo Lisboa.

Os debates do Improviso, Oxente! sobre o levante dos escravos do Engenho de Santana irão até agosto. Com entrada franca e mediado pelo professor Ramayana Vargens, a partir das 19 horas, sempre haverá um pesquisador para falar sobre o assunto. O próximo tema será: “Engenhos e Escravos no Período Colonial”, abordado pela historiadora Kátia Vinhático.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sim, provavelmente por isso e