sexta-feira, 11 de julho de 2008

Levante dos escravos é tema central da nova edição do Improviso, Oxente!

Fotos: Felipe de Paula

Tendo como tema central o levante dos escravos do Engenho de Santana, a nova edição do projeto Improviso, Oxente!, abriu a programação julho/agosto da Casa dos Artistas de Ilhéus. O encontro aconteceu na noite da última quarta-feira (9), tendo como convidada a historiadora Maria Luiza Heine falando sobre o tema: Engenho de Santana - origem ocupação e uso. A mediação dos debates foi conduzida pelo professor Ramayana Vargens.

Para deixar as discussões mais descontraídas, houve o encontro dos músicos Cabeça, do Improviso Nordestino, no vocal e violão; Ricardo, da banda O Quadro, na percussão, e mestre Virgílio, da Associação de Capoeira Angola Mucumbo, tocando berimbau. Os três fizeram valer o nome do projeto e improvisaram bastante, inspirados nos ritmos africanos.

A historiadora e vice-presidente da Sociedade de Defesa do Patrimônio Histórico de Ilhéus, Maria Luiza, começou a explanação do tema falando um pouco sobre como era o país na época que os engenhos começaram a ser instalados. “No início do século XVI, o açúcar estava em alta e o Brasil oferecia condições propícias para a produção da cana-de-açúcar”, explicou.

O engenho de Santana era uma sesmaria doada ao Governador Geral Mem de Sá, que, posteriormente, passou-o aos jesuítas. Em 1789, os escravos se rebelaram, controlando o local por dois anos. Esta revolta gerou um documento com condições para que voltassem a trabalhar. Estas reivindicações são consideradas o início do movimento sindical no país. “O fato de haver negros alfabetizados é algo interessante, já que nem mesmo todos os membros da nobreza sabiam ler”, observou Maria Luiza.

Segundo o diretor da Casa dos Artistas, Romualdo Lisboa, a abordagem da revolta dos escravos do Engenho de Santana no Improviso, Oxente!, servirá para ajudar na montagem do espetáculo que está escrevendo sobre o acontecimento. “Nosso objetivo não é fazer um documentário, mas desvendar como a revolução aconteceu no íntimo dos escravos. Por isso trataremos também dos aspectos políticos, ideológicos, psicológicos e religiosos”, disse.


O último Improviso, Oxente! também contou com duas participações artísticas. Primeiro, o ator Guilherme Bruno, interpretando um ilheense dos tempos áureos do cacau, freqüentador do cinema e do bordel Bataclan. Depois, os atores Marcelo Novaes e Pedro Albuquerque, caracterizados de escravos, recitaram trechos da música “Minha Alma”, da banda O Rappa.

Com entrada franca, o projeto Improviso, Oxente! acontece às quartas-feiras, a partir das 19 horas. O próximo tema a ser discutido será: Ilhéus colonial - desenvolvimento econômico e escravidão. Quem abordará o assunto será o historiador Marcelo Henrique Dias.

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