quinta-feira, 31 de julho de 2008

Improviso, Oxente! abordou aspectos da mão-de-obra escrava da Capitania de Ilhéus

Fotos: Felipe de Paula

Com o objetivo de entender de uma forma ampla como ocorreu o levante dos escravos do Engenho de Santana, ocorrido em 1789, as discussões do projeto Improviso, Oxente!, da Casa dos Artistas de Ilhéus, vêm abordando várias características do episódio. Na noite da última quarta-feira (30), o assunto em debate foi: “Aspectos étnicos e culturais da mão-de-obra escrava da Capitania de Ilhéus”, exposto pelo professor e historiador, Arléo Barbosa.

Sobre os aspectos étnicos da mão-de-obra escrava, o historiador informou que os negros chegaram à capitania de Ilhéus a partir do século XVII. Antes, os escravos eram os índios. “Inicialmente, escravizaram os tupiniquins, que eram mais dóceis, depois tentaram os aimorés, que eram muito violentos”, disse Arléo. A cerca dos negros, o historiador disse que a maioria era de origem angolana, cujos indícios estão no candomblé e na capoeira.

Segundo o professor falou no último Improviso, Oxente!, no século XVII, Ilhéus possuía 1.800 habitantes, sendo que 800 eram escravos, isso sem contar mestiços e alforriados. O levante do Engenho de Santana não foi o único e a capitania possuía vários quilombos, tendo como principal o do Oitizeiro, que ficava onde hoje é Itacaré.

Integrando a característica do projeto Improviso, Oxente!, na noite da última quarta-feira houve a performance artística dos jovens atores Guilherme Bruno, Ednilton Paixão e Pablo Lisboa. Eles encenaram a rotina dos escravos e reproduziram a relação direta entre os negros e índios.

As discussões a cerca do levante dos escravos do Engenho de Santana, promovidas durante o Improviso, Oxente!, servirão de fonte de pesquisa para a nova montagem do Teatro Popular de Ilhéus, grupo residente da Casa dos Artistas. O diretor do espaço cultural, Romualdo Lisboa, declarou que a intenção é tentar reproduzir o fato do ponto de vista emocional. “Queremos entender como nasceu a primeira revolução do Brasil em que os escravos produziram um documento com reivindicações, que eram bastante progressistas para a época”, complementou.

O projeto Improviso, Oxente! sobre o levante dos escravos do Engenho de Santana continua até o dia 27 de agosto. Com entrada franca, todas as quartas-feiras, a partir das 19 horas haverá um pesquisador convidado discorrendo sobre um aspecto do tema central. O próximo será o psicólogo André Luis Fonseca, que falará sobre: “As bases psicológicas de uma revolução interior, de mentalidades e das instituições”.

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